AIESEC promoveu V Semana Internacional dedicada ao Empreendedorismo
Portugueses são "avessos à incerteza"
Existe uma matriz cultural de base que constitui um forte obstáculo do empreendedorismo e que se traduz na "aversão à incerteza" e no "medo de assumir riscos". Perante uma plateia constituída por estudantes universitários de economia e gestão, um conjunto de empresários e decisores exortou os jovens a não recearem a tomada de decisões que possam acarretar uma dose de incerteza. Por outro lado, não será por falta de capital que os bons projectos não possam arrancar. Porém, financiamento não deve ser confundido com subsidiodependência, alertam estes responsáveis.
A incerteza e o risco inerentes à criação de novas empresas constituem o prncipal obstáculo ao empreendedorismo em Portugal. Esta foi a nota dominante do debate organizado pela AIESEC Porto, que reuniu um vasto conjunto de empresas, sociedades de capital de risco e "business angels", dedicado ao tema "De uma boa ideia a um bom negócio". E se a platéia, composta sobretudo de estudantes de economia e gestão, queria conhecer as melhores formas para compreender um negócio, ficou a saber que o défice de empreendedorismo no nosso país deve-se, sobretudo, a questões culturais.
De acordo com um estudo desenvolvido pelo de partamento de recursos humanos da IBM e citado no encontro, Portugal é o segundo país do Mundo com maior aversão à incerteza. Segundo Hugo Delgado, representante da empresa, tal deve-se "a uma cultura do medo do amanhã". Na opinião de Jorge Pinho, da Unicer, "sempre que um trabalhador português está inserido num ambiente de desenvolvimento, é frequentemente apontado como um dos melhores; mas quando integrado numa matriz cultural pouco competitiva, o seu nível de desempenho diminui".
Na sua perspectiva, frisou, "o nível de comodismo está a aumentar, pois os estudantes de hoje são filhos de uma geração que não estimulou a competitividade. Ou seja, é uma matriz de base que não está a mudar".
Por sua vez, Ricardo Luz, da Invicta Angels, afirmou que o "problema da educação não está a ser resolvido. Pelo contrário, estamos a gerar um sistema que é impossível resolver, ao criar uma sociedade de subsidiodependentes". E exortou os jovens a "não terem medo de correr riscos".
Ideias requerem parceiros
Aliás, a própria noção de "apoio à criação de empresas" é "o grande obstáculo ao sucesso da empresa". Ricardo Luz disse ser importante lançar estas ideias perante um público universitário, pois "os jovens devem habituar-se a depender de si próprios". Lançado o problema do financiamento de novas empresas e projectos, Ricardo Luz disse mesmo que "não falta capital para apoiar boas ideias e projectos". Abordando o caso dos "business angels", Ricardo Luz afirmou que este é alguém que "investe num negócio oferecendo capital, experiência, competência e acesso aos mercados".
Por sua vez, João Pereira, da sociedade de capitais de risco InovCapital, afirmou que "o trabalho de base é o mais importante no arranque de uma empresa. Não basta ter uma ideia, é preciso elaborar um plano de negócios concreto e criar uma base de networking. E muitas vezes é esse aspecto que falha". No entanto, procurar parcerias poderá ser a solução mais indicada para lançar um novo projecto. O capital de risco oferece não só capital, mas também "um parceiro no desenvolvimento da empresa".
Por sua vez, Ilídio Faria, da Onebiz, referiu que "a ideia é o mais importante", ou seja, "detectar oportunidades de mercado e preenchê-las é cada vez mais difícil de conseguir. O nosso objectivo é encaminhar essas pessoas; alguém que abre uma empresa em regime de franchising tem um tutor", reforçando a ideia de que "um parceiro confere confiança".
Realizada pelo quinto ano consequtivo pela AIESEC Porto FEP, a Semana Internacional, desta feita dedicada ao Empreendedorismo e Responsabiliddae Social, é um evento que ganhou já um prestígio considerável no mundo empresarial enquanto fórum de debate e partilha de conhecimentos com as universidades e com os estudantes.
Marc Barros