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Portugal, este bonito país plantado no Sudoeste da Europa, aqui nos lados ocidentais da Península Ibérica, tem uma área total de 92 090 km², um tamanho maneirinho. Sendo delimitado a norte e leste pela Espanha e a sul e oeste pelo Oceano Atlântico, permite ir a banhos no Verão e comprar caramelos no Inverno, o que é simpático. E, porque para além do rectângulo continental possui (ou sustenta!) duas regiões autónomas, os hoje famosos arquipélagos dos Açores e da Madeira, a vida foi correndo sem grandes chatices, naquele modo de estar ou de ser do "vai-se fazendo, que alguém paga as contas".
Mas um dia começaram a gritar que "o Rei vai nu", andava ele a pavonear-se em pelota pelo menos há uns 15 anitos. Ele eram as SCUTS, famosas estradecas que ninguém ia pagar. Ele eram as escolas "topo de gama" para tornar menos absurdo o absurdo sistema que sustenta esses monstros do despesismo, o Ministério da Educação e os inúmeros Sindicatos da (Des)educação, ele eram os submarinos, os aeroportos e o TGVs, ele era tanta coisinha boa que a gente, que ganhava como africano mas vivia que nem suíço, andava feliz e contente.
De repente, aparecem esses malandros do rating a dizer mal de nós, vá lá saber-se porquê, e montam por cá a tenda uns simpáticos de fato e gravata, já conhecidos nesta boa terra como "a troika". E cá continuamos nós com bom tempo, o que sempre é agradável para ir à praia descansar os joanetes.
Não bastasse, essa malandragem dá-lhe para falar do PIB (Produto Interno Bruto), e dizer que este é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos num país durante um certo período (por norma, um ano), e que o nosso, o que vimos produzindo nos últimos anitos (167.5 mil milhões de euros em 2010) mais o que vamos produzir nos próximos, é coisa pouca e não vai dar para pagar os dinheiritos que pedimos emprestados, para umas festarolas.
Dívida Pública Portuguesa em % do PIB, evolução de 1850-2010
(via Portugal Contemporâneo: http://portugalcontemporaneo.blogspot.com)
E, olha o desplante, ainda nos dizem que o nível da dívida pública portuguesa vai ultrapassar em 2011, e pela primeira vez, o PIB do país. Ou seja, no final deste ano o pessoal é bem capaz de dever qualquer coisita como uns 180.000.000.000 euros, o que conjugado com o crescimento económico que (não) se prevê nos próximos anos, leva alguns resistentes "Velhos do Restelo" a afirmar que estamos na bancarrota, o que pode ser interpretado como sinónimo de falência, mas (ufa!) também como sinónimo de incumprimento: situação em que quem deve não honra os seus compromissos. Visto que "falidos nunca", quem nos emprestou pode ir começando a fazer fila e pedir o dinheiro ao Totta. Claro que há essa coisa de que quem não paga o que deve não encontra quem lhe empreste mais, mas um problema de cada vez, que a nós problemas é coisa que não nos falta.
Ora então, como é que nos entretemos cá no burgo no meio de tanta e boa notícia!? Ouvimos e lemos, todo o santo dia que os cortes que o Estado "vai fazer" vão resolver o problema, mas como o que se "vai fazer" é uma chatice e demora tempo , vai-se aumentando impostos directos, indirectos e outros que nem sonhávamos existir. Isto porque o povo tem muito dinheiro, e tem de distribuir algum pelo bom e sempre necessitado Estado.
Uma curiosidade, que nem tudo são más noticias! Entre os 308 municípios portugueses, temos nos devedores o Porto, com 150 milhões, e Lisboa, com 1,1 mil milhões (!!!). Enquanto o Porto tem vindo a reduzir a sua dívida, a excelentíssima capital, boa aluna do vizinho Governo Central, vai de vento em popa e segue imparável com uma dívida quase 10 vezes (!!!) superior à do Porto.
Como é lindo o centralismo!
E então as pessoas, as empresas, as comunidades, as cidades e as regiões, e o país! Como é que se sai deste pântano!?. Independentemente de todas as palavras bonitas que se digam, hoje e no futuro, a solução é a de sempre, agora reforçada em sacrifício, a de trabalhar, trabalhar e trabalhar muito mais e melhor, produzindo mais riqueza do que aquela que se gasta. Não há outra! Não vai ser fácil, por vezes vai parecer quase impossível, mas os impossíveis também se fazem. E os portugueses, maus na normalidade, são bons nos impossíveis. Seja trabalhando mais e melhor, os que têm emprego, seja emigrando ou criando o seu próprio emprego, seja criando novas empresas, suportadas na criatividade, inovação, diferenciação, e internacionalização dos seus negócios, os portugueses vão conseguir, porque não tem alternativa. Não podem é permitir que as "sereias que cantam", principalmente as que os guiaram para este descalabro, lhes continuem a cantar cantigas de embalar, enquanto o barco se afunda.
A economia portuguesa precisa de gente séria e trabalhadora. Não precisa da "mão visível" e protectora do Estado, mas sim de boa concorrência, aquela que requer regras claras, simples e de aplicabilidade célere. Em especial, precisa de um estado subsidiário aos indivíduos, instituições e comunidades. Um Estado que regula, e que apoia as estratégias e acções dos seus cidadãos, não de um estado "estratega e executante", que da "boa" estratégia e execução do estado, principalmente do central, estamos todos nós fartos e o pais exaurido.
Precisa de Empreendedorismo concebido e implementado pela vontade e cooperação dos agentes, e não pelo voluntarismo do estado ou das entidades por si financiadas. Porque, se assim continuamos, como diriam os "Gatos", o Estado, peso pesado, já nem a correr com os gordinhos atinge o peso certo.
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